Ando a procura de novas palavras, quero usa-las para registrar impressões que sinto, percebo que algo esta mudando de lugar sem saber exatamente pra onde vai me levar, ultimamente tem sido assim, observo meus dias entre pausas entrecortadas por silêncios estruturantes e permanência na espera de um novo tempo que já passou...
Difícil manter o equilibro entre a razão e a emoção, reencontrar-se na esquina do tempo, ver passar um dia atrás do outro..e do outro..e do outro.. e como malabarista na corda bamba, andar com cuidado neste arame esticado entre o querer e o não querer, usar as palavras como vara para equilibrar-se entre estes dois extremos distantes, que já foram tão próximo um do outro...Tempos estranhos estes, de estações misturadas, parece que a natureza colocou tristeza nos olhos do tempo e ele chora pelo que não é mais, pelo que já foi, pelo que não será, esta semana vi seu rosto no noticiário, vi suas lágrimas correrem pelos morros do Rio e desaguarem no mar da cidade maravilhosa. Estamos em tempo de lamentar perdas, caminhando na impermanência de viver a realidade enquanto ela se transforma lentamente em uma nova relatividade...
Neste meio tempo, o olhar, que antes se ofuscava com tanta luz do verão, agora, além das folhas caídas, enxerga também flores brotando nas frestas do concreto pelas calçadas do caminho, delicadas "flores do dia" a brindar a promessa de novos encontros, imagino-as dizer, "olha eu aqui no seu caminho"..No inicio não entendia direito, não conhecia a linguagem floral, porém a surpresa inicial foi substituída pelo espanto e este pelo encanto das cores e perfumes que invadiram o outono...
Coisa estranha estes ciclos de mudança, eterno vai e vem sem começo nem fim, a primavera se mistura com o outono, as estações mudam..as pessoas mudam..as mudas florescem e depois murcham...mas sempre ficam as sementes a espera de novas primaveras...
